EXPERIÊNCIA DE LEITURA E ESCRITA


Sofia 


Sueli Nair Signorini Gozzi

Não sei ao certo a idade que tinha quando me apaixonei pela leitura. Era bem pequena, mais ou menos aos oito anos. Ganhei de minha avó três livros de histórias daqueles bem fininhos com ilustrações na capa e em suas páginas. Fiquei encantada ao manuseá-los e estava sempre lendo as mesmas histórias dos meus preciosos livros (os únicos que tinha).

Minha avó nunca aprendeu a ler, pois naquela época não havia alfabetização de adultos. Dormíamos no mesmo quarto e antes do sono chegar eu lia as três histórias para ela. Hoje, sei que os afazeres domésticos a faziam dormir enquanto eu lia em voz alta, assim que eu acabava de ler perguntava se ela queria ouvir mais uma, ela sempre dizia que sim, motivando, involuntariamente, o meu gosto pela leitura.

Essa paixão pela leitura, carrego comigo e sempre ao preparar a mala para viajar a maleta de livros é a primeira a entrar e sair do carro. Férias para mim tem o significado de “viagens...”. Mas eram interrompidas pelos resmungos de minha saudosa mãe: - você só sabe ler, não fala comigo! Me deixa sozinha... “E vim aqui para ficar com você”. Aí, era hora de olhá-la com carinho e dizer: pronto sou toda sua!!!


Hoje, o que mais me surpreende ao ler é quando não sei como, mergulho nas páginas dos livros  e vivencio as ações dos personagens, tomo sustos e respiro aliviada quando volto para a minha sala ao ouvir: bem, você ainda está aí! Essa é a hora de voltar de mais uma viagem, indo rapidinho para a cama








Valceni




Vandelice Rodrigues


  Do fundo do coração

 Na minha infância não tive muito contato com os livros. De 1ª a 4ª série, nem me recordo do livro didático. Lembro-me que na hora da história a professora, tia Lira pegava um caderno todo enfeitado com bonequinhas de crochês e laços vermelhos gigantescos e começava a ler. As histórias eram maravilhosas e reescritas de próprio punho. Tia Lira lia, contava, cantava, recitava e construía seus personagens com  cartolinas, palitos e jornais. E eu ficava fascinada, porque não tinha outro contato com a leitura e  muito pouco com a escrita.

Morávamos na fazenda não tinha luz,  nem tv e nem muitos recursos. Meu pai tocava a fazenda e a minha mãe, que tinha pouco estudo nos ensinávamos e fomos todos os cinco irmãos para escola sabendo ler e escrever. Quanto orgulho!

À noite, as histórias continuavam, era a vez de vovô, nobre fazendeiro, contar as lendas de assombrações, lobisomem, e dos antigos patrões. E ficávamos  ali, no terreiro, sentados nos bancos de madeira e sentindo o mesmo vento das laranjeiras, cajueiros e coqueiros. E eu ficava imaginando...imaginando.  Eta  vida gostosa!

Na 5ª série comecei a ler a coleção Vaga-lume. Fiquei encantada com o Caso da Borboleta Atíria. Lembro-me também que a professora cobrava fichas de leitura bimestrais. Como li!

Minha experiência com a escrita ganhou autonomia na faculdade com o TCC, escrevi sobre a Simbologia do Soldado Amarelo em Vidas Secas de Graciliano Ramos. Expôs o meu "eu"  e pude representar todos os homens, mulheres e crianças sofredoras do sertão, que vivem o drama social e geográfico condenados às limitações da existência do autoritarismo e à repressão imposta pelos mais fortes seja ele o poder ou a natureza




Yara Gomes da Silva 



Reportando as minhas lembranças de infância, tenho hoje o gosto pela leitura através das histórias contadas pelo meu querido pai. Ele era viajante e percorreu todos os estados brasileiros, em suas idas e vindas contava-nos suas histórias. Lembro-me como relatava o cenário Amazônico, descrevendo o tipo de vegetação e a fauna existente naquela região assim como a construção da rodovia transamazônica. Como um bom nordestino, tinha muitas histórias para contar como as lendas da sua região e alguns contos de arrepiar.

 Minha mãe também teve a sua participação pelo gosto da leitura e escrita em minha vida. Era muito presente na trajetória escolar, adorava comprar enciclopédias, livros de histórias infantis incentivando a leitura, em casa líamos de tudo. Sempre acompanhava os nossos estudos ajudando nas tarefas de casa e nos trabalhos escolares, portanto era incentivada tanto pela leitura como pela escrita. Essas memórias marcaram a minha vida.


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